segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Quem Sou eu?

Quem sou eu? Muitas vezes me dizem
que saio de minha cela
sereno, risonho e firme,
como um nobre de seu palácio.

Quem  sou eu? Muitas vezes me dizem
que falo com os carcereiros
livre, amistosa e francamente,
como se eu mandasse.

Quem sou eu? Também me dizem
que suporto os dias de infortúnio
com indiferença, sorriso e orgulho,
como alguém acostumado a vencer.

Sou realmente o que os outros dizem de mim?
Ou apenas sei o eu mesmo sei de mim?
Intranquilo, ansioso, enfermo, como um passarinho na gaiola
lutando para poder respirar, como se alguém me apertasse
a garganta,
faminto de cores, de flores, de cantos de aves,
sedento de boas palavras e de proximidade humana,
tremendo de cólera diante da arbitrariedade e da menor injúria,
agitado pela espera de grandes coisas,
impotente e temeroso pelos amigos da infinita distância,
cansado e vazio para orar, pensar e criar,
esgotado e disposto a despedir-me de tudo.

Quem sou eu? Este ou aquele?
Serei hoje este, amanhã outro?
Serei os dois ao mesmo tempo? diante dos homens um hipócrita,
e diante de mim mesmo, um desprezível, queixoso e fraco?
Ou então, o que ainda resta em mim se parece com o exército vencido
que se retira desordenado diante da vitória que parecia certa?

Quem sou eu? As perguntas solitárias zombam de mim.
Qualquer que eu seja, tu me conheces, sou teu, ó meu Deus!
(Resistência e submissão, Dietrich Bonhoeffer)

sábado, 17 de dezembro de 2011

A Pobreza é um Ídolo do Brasileiro

 No vídeo acima (nos dois primeiros minutos) assistimos a um fenômeno comum entre os brasileiros, a discriminação da riqueza e a valorização da pobreza como virtude. Repare como a mossa chama a pobreza de “realidade da vida” como se essa fosse a única realidade aceitável. Em resposta, a Sandy se justifica com a única prerrogativa aceitável à riqueza: “meu pai já passou fome”. Curiosamente a platéia aplaude. O que aconteceria se a Sandy respondesse: “Nasci em uma família rica, nunca peguei ônibus, não sei quanto custa o arroz ou o feijão, sou uma cantora bem sucedida desde minha infância, sou rica e não vou pedir desculpas por isso?” 
Já presenciei muitos episódios onde consideramos a pobreza uma virtude e um instrumento de auto justificação. Só se perdoa um rico quando ele conta uma história triste de sua infância pobre ou a de seus pais. Há aqueles que ao serem elogiados por uma nova aquisição; carro, casa, ou uma TV, logo se justificam dizendo que não foi tão caro quanto imaginamos ou que foi comprado em uma situação especial. A pior foi essa, me mudei recentemente para uma casa maior, pois morava em uma quitinete perto da igreja e um amigo me disse: “poxa, que pena, tinha orgulho de dizer que meu pastor morava perto da favela.” 
No Brasil, pobreza é símbolo de virtude e santidade. Talvez por conseqüência da tradição católica, onde sacerdotes e monges tem que fazer voto de pobreza. Por outro lado, temos os pastores da teologia da prosperidade que ostentam riqueza com o dinheiro da congregação pobre ou classe média. O que faz reforçar o conceito de pobreza e santidade. 
Essa é uma espiritualidade cármica, para ser feliz precisa primeiro pagar o preço. A espiritualidade da cruz nos permite ser feliz, saudável, rico, sem um sofrimento ou perda compensatório. Se Cristo morreu por mim na cruz, não é a pobreza que me redime.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sex and the City e o Cristianismo

Assisti o filme Sex and the City 2, tardiamente eu sei, e gostei muito. Para os preconceituosos digo que está longe de ser um filme de mulherzinha. O filme abre um diálogo sobre a crise da modernidade que se esforçou para desconstruir os valores tradicionais da sociedade e agora se esforça para construir novos valores elásticos e relativos sob um único absoluto: não há absolutos, as regras devem ser individualmente construídas. O tema é a dualidade entre a tradição e a pós-modernidade. Os enunciados estão todos muito claros, o individualismo que se manifesta na figura da mãe moderna que não tem o menor jeito para criar filhos e que, por viver em família diz ter perdido sua identidade. O casal que necessita de mais distanciamento um do outro. A solteira que se resolveu com relacionamentos exclusivamente eróticos, sem compromisso e superficiais. O surgimento de uma nova moral e de um novo moralismo. Como a cena de um casal que está esperando um bebê em barriga de aluguel e discrimina um outro por não quererem filhos. O casamento tradicionalíssimo de um casal gay, o que é uma contradição, resultado de quem está caminhando na fronteira entre o velho e o novo tempo. O acordo entre os dois, onde um escolheu uma cerimônia tradicional, por conseguinte, o outro tem permissão para trair. Nesse momento surge um debate entre as amigas sobre a “legalidade”, se é que posso chamar assim, da traição. Uma diz que, se há traição não é casamento, outra diz que tudo depende do acordo entre o casal. Me chamou a atenção o cuidado que cada uma delas precisava ter para aconselhar a outra. Elas quase pediam desculpas e diziam: “Hora de uma intervenção amiga”. No mundo da relatividade, dar conselhos sobre certo ou errado, bom ou ruim é quase ofensivo. O que fica claro pra mim é que o mundo possui uma doutrina muito rígida e extremamente ortodoxa, sob o absoluto da relatividade, há uma série de regras, proibições, moralidades e moralismo hipócrita. A liberdade desse mundo possui regras muito estreitas e radicais. A América pós cristã que tenta se libertar do velho mundo, agora cria uma nova religião, só que, sem fé, sem esperança e sem um Cristo para redimir. Tudo é uma nova moralidade e angústia.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O Sermão da Discórdia

O Desafio para a Unidade da Igreja Brasileira.

 1. Definindo a Igreja de Cristo. Antes de falarmos da unidade, precisamos definir quem é igreja e quem não é, quais as marcas que distinguem a verdadeira igreja de Cristo da falsa. Esse é um dos grandes desafios para se estabelecer a unidade, do contrário, corremos o risco de comprometermos a santidade da igreja. A unidade não pode ser estabelecida a qualquer custo, antes, pelo contrário, se algum segmento da igreja fere as principais doutrinas da fé ou da moral cristã, deve-se fazer uma cisão. Assim nasceu a igreja evangélica da qual hoje fazemos parte, de um movimento de ruptura. a. Dois critérios para se avaliar a autenticidade da igreja: moral e doutrinário.

 a.1. Avaliando a doutrina da igreja brasileira. Com a reforma protestante surgiram muitas igrejas e doutrinas divergentes, os puritanos se uniram no século XVII para estabelecer, dentre outras coisas, três marcas distintivas de uma igreja cristã. São elas: Pregação correta das Sagradas Escrituras, ministração correta dos sacramentos (ceia e batismo) e disciplina (critério para se aceitar ou excluir um membro).
No início da década de 90 o bispo Macedo procurou o Rev. Caio Fábio, então líder da AEVB (associação evangélica brasileira) a fim de se associar, Caio Fábio recusou sua entrada, pois considerava a Universal uma seita. Hoje, pentecostais rivalizam com neopentecostais desconsiderando um ao outro como cristão autêntico.

 a.2. Avaliando a moral da igreja brasileira. Não consideramos a Igreja Contemporânea (uma igreja GLS) igreja cristã, pois tem em sua existência um erro moral, porém, aceitamos igrejas lideradas por bandidos. Falo do casal Hernandes, que foi preso nos USA por evasão de divisas, viajaram com grande quantia de dólar ilegal escondido na bíblia. Lá eles são bandidos, aqui são heróis. O problema é que nossa ética é exclusivamente sexual, gays não podem, ladrões podem.

 Nesse ponto o pastor se levantou, tirou o microfone de mim e disse que aquele púlpito não era lugar para falar mal da igreja. Que enquanto eu criticava os homossexuais, tudo bem, mas, se os Hernandes são ladrões Deus cuidará deles...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011