quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O fim da era dos heróis



Li recentemente um comentário sobre a vida de Jorge Whitefield que me deixou perplexo, com sensação de que fui enganado durante anos. Havia lido anteriormente que este era um fenômeno em unção e poder do Espírito na área da pregação.  Multidões se aglomeravam nas praças ao ouvir que ele estava na cidade, comerciantes fechavam as portas de seus estabelecimentos para ouvi-lo, seu sermão podia ser escutado a uma distância de dois quilômetros e coisas desse tipo. No entanto, o último comentário que li diz que ele foi o primeiro a utilizar estratégias de marketing. Whitefield anunciava suas campanhas evangelísticas em uma cidade com dois anos de antecedência, fazendo publicações nos jornais, distribuição de panfletos na cidade e enviando equipes responsáveis por fazer contato e parcerias com os pastores das igrejas locais, havia até visitas desses obreiros de casa em casa para a preparação do grande dia da conferência.
Não tenho nada contra o marketing, nem contra Whitefield, mas durante anos da minha vida acreditei, em função de histórias como essa, que uma boa igreja se fazia com um homem santo e cheio do Espírito pregando como um anjo, a palavra de Deus. Acreditei ingenuamente que o Reino de Deus era constituído por heróis extraordinários e milagrosos produzindo feitos fantásticos e sobre-humanos. Agora começo a ver que esses homens não existem, são uma produção do nosso imaginário fantasioso e idólatra. Eram sim homens bons, com uma boa equipe de trabalho conjunto se esforçando de forma inteligente e estratégica para levar a salvação aos perdidos.
Desde então, venho desistindo desse estilo de ministério personalista e egocêntrico, onde acreditava que para ser um bom homem de Deus deveria ser um Rambo da fé, sozinho e bravo, tirando água da pedra. Agora acredito que o Reino de Deus é constituído por pessoas normais, pelos membros mais simples do corpo de Cristo e pelos pastores anônimos que não entraram para as páginas da história. Por pessoas como eu e você que provavelmente nunca terão admiradores deslumbrados escrevendo livros e histórias entusiásticas a nosso respeito. Por pessoas como João Batista que diz: “importa que Ele cresça e que eu diminua”.