Lendo a
Bíblia, percebo que o conhecimento de Cristo, mais especificamente, da sua obra
na Cruz, é o ponto central, senão, o único ponto a ser meditado, compreendido e
absorvido pelo cristão.
Cristo crucificado é o único mediador entre nós e
Deus. Isso significa que ele é o único a nos comunicar salvação, ou seja, se
quero saber se Deus me salvou, devo olhar para o seu filho único agonizando por
mim. Ele é o único a me comunicar amor, se quero saber se sou amado, devo olhar
para o que Ele fez com seu filho amado em quem tem todo o seu prazer e pensar:
“Se ama assim seu filho e o sacrificou por amor a mim, não pode me amar menos
que ele”. Se quero saber qual o meu valor para Deus, devo pensar que fui
comprado pelo sangue (vida) do seu filho, e que por isso, valho o preço que foi
pago por mim, portanto, valho o que Cristo vale. E assim por diante.
Mas ao contrário disso, fizemos muitos cristos para nós. Pusemos entre
nós e Deus muitos intermediários, muitos mediadores, ao ponto de muitas coisas
serem sinal, marca e sinônimo da salvação, do amor e da aprovação de Deus, com
exceção de Cristo e este crucificado, nisto quase nunca pensamos.
Transformamos o Espírito Santo no nosso mediador e fizemos uma grande
confusão na economia da Trindade. Dizemos: “Se tenho os frutos do Espírito,
então sou salvo, se não os tenho estou perdido”, e assim, transformamos a obra
do Espírito em nova lei e novo mandamento, fizemos do Evangelho uma nova lei e
transformamos o Espírito Santo no novo Moisés. Ou dizemos assim: “Se tenho os
dons carismáticos do Espírito, então estou seguro da minha salvação”. E assim,
já não é o ter Cristo que salva, mas ter o Espírito. E mudamos o crer em Cristo
pelo fazer do Espírito, logo, já não é mais “justificados, pois, mediante a
fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”, mas:
“Justificados, pois pelos frutos e dons do, temos paz com Deus por meio do
Espírito Santo”.
A própria santidade virou marca
de salvação. Cremos que uma vida irrepreensível é a prova de que somos
especiais para Deus. Mas o que fazer com o texto de I João 1.8 que diz: “ Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade
não está em nós”. Nesse ponto
sempre escuto a mesma resposta: “não podemos permanecer no pecado”, ou seja,
desde que o pecado não seja o mesmo, mas apareça em você de maneiras variadas,
de um jeito hoje e de outro amanhã. O que significa que não podemos ser homens
de um pecado só, mas o pecado deve aparecer em nós de maneira sortida. Ou que
devemos usar uma calculadora de pecados, para calcular quantos são suportáveis
por dia. Assim, o santo não terá paz com Deus, pois a cada vez que for
confrontado com seu coração pecaminoso, desesperará.
Transformamos o dinheiro no nosso mediador e cristo. Se o temos, Deus nos
ama e cuida de nós com amor especial, se ele nos falta, Deus nos desamparou e
manifestou sobre nós a sua ira. Fazemos assim também com o sucesso profissional
ou ministerial, com a unção do Espírito, com a felicidade do casamento, saúde
dos filhos, crescimento da igreja, etc... Tudo isso nos comunica o amor ou o
desprezo de Deus, a aprovação ou ira, a salvação ou perdição, a graça e a
misericórdia ou a lei e a punição.
Dessa forma, nossa paz com Deus e alegria não se encontram em Cristo
crucificado por nós, mas nas coisas que imaginamos. Perdemos Cristo e criamos
muitos ídolos.
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