quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Fé e Desemprego


É impressionante como conseguiram reduzir a fé, que é algo tão grandioso, a sinônimo de desemprego; eu explico! Viver pela fé, no dizer dos irmãos significa: “estou desempregado e dependendo da intervenção direta de Deus pra pagar as contas e comer”. É claro que essa intervenção se dá por meio dos irmãos assalariados e trabalhadores que se compadecem. E não demora muito para o desemprego virar ministério. Bastam alguns meses desempregado que o irmão já acha que o Senhor o está separando para a obra. Daí, começa a se intitular missionário, fazer visitas semanais à casa das pessoas com o pretexto de orar, visitar alguns doentes nos hospitais, passar cinco horas do dia no monte orando, e claro, dizer pra todo o mundo que “tá na prova”, ou seja, sem grana, e que viver pela fé (sem trabalhar) não é fácil, afinal de contas, quem quer ser um servo do Senhor tem que pagar o preço.
Esses são os profetas, missionários e irmãs de oração que compõe o grupo dos espirituais da igreja, enquanto os crentes trabalhadores do dia a dia se consideram cristãos de segunda categoria, pois não podem dedicar-se de tempo integral à obra de Deus. Assim surge o moderno monasticismo evangélico.
Para o movimento monástico medieval a obra de Deus consistia em abdicar de todo o afazer secular (trabalho, família, lazer) e dedicar-se unicamente à oração meditação e contemplação. Todo cristão que quisesse ser perfeito teria de entrar para um mosteiro ou seria considerado um mundano. O próprio Lutero foi um monge da ordem dos agostinianos, até que em seu estudo das Escrituras descobriu o que chamou de “doutrina da vocação”. Significa que todo homem é vocacionado por Deus para um ofício, portanto todo ofício é sagrado. Certa vez, um jovem engraxate perguntou a Lutero se teria que entrar para o ministério pastoral a fim de glorificar a Deus, Lutero lhe respondeu: “Não, cobre o preço justo e engraxe sapatos para a glória de Deus”. Para o reformador, um bom cristão não difere em nada de um bom cidadão, enquanto que os monges são imprestáveis e de nenhuma valia para a sociedade.

Sola Scriptura!



4 comentários:

  1. Minha sincera opinião: acho necessário que alguns homens e mulheres abram mão de seus trabalhos e suas vidas confortáveis para visitação de lares, presidios, hospitais... isso não seria missões? não que o individuo tenha que ficar se lamentando, mas missionários sofrem e creio eu que por boas causas, afinal se todos só se preocupassem com seus trabalhos e seu salários, o que seria das pobres vidas que padecem por aí, ficariam a esmo sem ouvir a palavra de Deus? penso que tudo deve ser balanceado, mas se não houverem pessoas dispostas a se doarem em prol do outro, qual será nosso propósito? desculpa mas entendo pouco sobre fé, porém creio que "Deus" atráves de irmãos assalariados possa sim sustentar um homem de forma que ele possa trabalhar na sua obra e ajudar vidas, pode ser que um ou outro se aproveite da situação, mas com certeza haverá também servos fiés que farão o "Ide"...
    Preciso entender melhor tudo isso...

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  2. É verdade Gi, você tem toda razão, há muitos homens e mulheres de Deus fazendo esse trabalho no dia a dia que são verdadeiros abençoadores e devem ser valorizados pela igreja, certamente não me refiro a esses. Usei apenas um exemplo caricato para dizer que não servimos a Deus apenas na tarefa da evangelização, mas quando lecionamos, advogamos, cuidamos da casa, dos filhos...
    Além disso a frase "O justo viverá pela fé" significa que o homem adquire a justiça que dá a vida eterna por meio da confiança em Cristo, e não como se popularizou, a saber, "O bom crente vive na espectativa de Deus sustentá-lo diariamente".
    A doutrina da vocação dignifica a todos os cristãos no exercício de suas funções, seja ela qual for, missionário ou dona de casa.

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  3. Mi,gostei muito do texto, me colocou p pensar um pouco, me senti confortada em saber que trabalho tanto, certamente na minha vocação, e tão pouco p obra de Deus, e sinto sempre um peso em ver que o que tenho de melhor hoje não dou a igreja e sim p homens. Penso que essa crise deve ser a de muitos cristãos, certamente me sinto menos crente do que aquela que se dedica diariamente a obra e sai pregando o Evangelho.Que bom saber que leciono, cuido da minha casa e família para glória de Deus.Parabéns pela coragem de tocar num assunto tão delicado e importante, bjs,Carol.

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