sexta-feira, 10 de junho de 2011

A Igreja como Ídolo


Certa vez perguntei a Deus se a igreja que pastoreio iria crescer, e Ele me respondeu: EU TE AMO.
No primeiro instante foi gostoso ouvir essa declaração de Deus a meu respeito, segundos depois se tornou desconcertante, pois a declaração era também uma crítica. Entendi que minha relação com a igreja era idólatra, ou seja, eu usava a igreja e seu “sucesso” como elemento de auto-avaliação, de valorização da minha pessoa e de auto-justificação. Entendo por auto-justificação tudo o que nos parece comunicar a aprovação de Deus e dos homens.
Naquele momento Deus estava dizendo: desista de tentar construir uma imagem própria que seja aceitável e louvável. Abandone de uma vez por todas a busca por arrancar das pessoas aprovação por meio das suas realizações. E aprenda, de uma vez por todas, que o seu valor está no que sito por você. E que não preciso que você me impressione, não fico deslumbrado com sua devoção, nem tocado com suas renúncias ou sensibilizado com sua santidade, que sua habilidade para ensinar minha palavra, pastorear pessoas, cuidar dos oprimidos e administrar minha igreja não arranca aplausos de mim. Te amo mesmo inábil, fraco, desorientado, insuficiente, arrogante, incrédulo. E exijo que aceite o meu amor sem qualquer tentativa de compensação. O meu amor é o que te define, e não, seu sucesso profissional. Defina-se radicalmente como AMADO. Acho que foi isso o que Ele quis dizer.
Desde então, tenho me esforçado em redimensionar minha vida e minhas atividades em torno do amor do Pai por mim. A tarefa não tem sido fácil, pois descobri que a igreja, na verdade, é um ídolo de superfície, um meio para satisfazer um outro ídolo, um ídolo de profundidade, eu.
Tem sido difícil, sobretudo, por falta de referências. Todos parecem estar tão preocupados quanto eu com o estabelecimento do seu reino, poder e glória, exatamente a tentação da qual o Senhor nos ensina a pedir que sejamos livrados: “pois teu é...” não nosso.
Nessa busca por crescimento espiritual aprendo que nunca conseguiremos avançar à primeira lição do Senhor, a de que somos espiritualmente miseráveis e que não há nenhum tom de depreciação nessas palavras, antes, o convite para nos sentirmos bem-aventurados e a certeza de que nosso, exatamente nosso é o Reino dos Céus.  
    

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