“Sem suas feridas, onde
estaria seu poder? A serviço do amor apenas soldados feridos podem engajar-se”.
(Thorton Wilder)
Me chama a atenção o texto onde,
no batismo de João, os conversos vinham confessando publicamente seus pecados.
Isso significa que a caminhada cristã começa com a queda das máscaras, com a
desistência de desempenharmos bem, a fim de que todos nos admirem, mas ninguém
nos conheça. Ser cristão, antes de ser santo, é ser pecador; antes de ser
forte, é ser fraco; é gloriar-se nas fraquezas, para que sobre nós repouse o
poder de Cristo. É não ter nenhuma dignidade em que possa se escorar, para que
se escore somente naquele que é digno. É ser grande, pela coragem de ser
pequeno. É não possuir nada para ter tudo.
Na maioria das vezes nossa boa performance religiosa nos
afasta do Salvador, porque religiosos precisam ser perfeitos, mas cristãos
precisam ser pecadores. Pois, quando minha consciência de pecado morre, pelo
bom desempenho religioso, meu desejo de ser salvo morre também. Por isso, a igreja
deve ser a comunidade dos pecadores, onde eu curo o outro, não pela minha
pureza, mas pelas minhas feridas.
“Os cristãos que permanecem no
esconderijo continuam a viver na mentira. Negamos a realidade do nosso pecado.
Numa tentativa inútil de apagar o passado, privamos a comunidade de nosso dom
curador. Se ocultamos nossas feridas, por temor ou vergonha, nossa escuridão
interior não pode ser iluminada, nem tornar-se uma luz para os outros. Quando,
porém, ousamos viver como homens e mulheres perdoados, unimo-nos aos médicos
feridos e aproximamo-nos de Jesus.” (Brennan Manning)