Li recentemente um comentário sobre a vida de Jorge
Whitefield que me deixou perplexo, com sensação de que fui enganado durante
anos. Havia lido anteriormente que este era um fenômeno em unção e poder do
Espírito na área da pregação. Multidões
se aglomeravam nas praças ao ouvir que ele estava na cidade, comerciantes
fechavam as portas de seus estabelecimentos para ouvi-lo, seu sermão podia ser
escutado a uma distância de dois quilômetros e coisas desse tipo. No entanto, o
último comentário que li diz que ele foi o primeiro a utilizar estratégias de
marketing. Whitefield anunciava suas campanhas evangelísticas em uma cidade com
dois anos de antecedência, fazendo publicações nos jornais, distribuição de
panfletos na cidade e enviando equipes responsáveis por fazer contato e
parcerias com os pastores das igrejas locais, havia até visitas desses obreiros
de casa em casa para a preparação do grande dia da conferência.
Não tenho nada contra o marketing, nem contra Whitefield,
mas durante anos da minha vida acreditei, em função de histórias como essa, que
uma boa igreja se fazia com um homem santo e cheio do Espírito pregando como um
anjo, a palavra de Deus. Acreditei ingenuamente que o Reino de Deus era
constituído por heróis extraordinários e milagrosos produzindo feitos
fantásticos e sobre-humanos. Agora começo a ver que esses homens não existem,
são uma produção do nosso imaginário fantasioso e idólatra. Eram sim homens
bons, com uma boa equipe de trabalho conjunto se esforçando de forma inteligente
e estratégica para levar a salvação aos perdidos.
Desde então, venho desistindo desse estilo de ministério
personalista e egocêntrico, onde acreditava que para ser um bom homem de Deus
deveria ser um Rambo da fé, sozinho e bravo, tirando água da pedra. Agora
acredito que o Reino de Deus é constituído por pessoas normais, pelos membros
mais simples do corpo de Cristo e pelos pastores anônimos que não entraram para
as páginas da história. Por pessoas como eu e você que provavelmente nunca
terão admiradores deslumbrados escrevendo livros e histórias entusiásticas a
nosso respeito. Por pessoas como João Batista que diz: “importa que Ele cresça
e que eu diminua”.